sábado, 16 de julho de 2016

Você ficou.

"E amanhã se este chão que eu beijei
For meu leito e perdão
Vou saber que valeu
Delirar e morrer de paixão"
(Maria Bethânia. )
Você ficou.
Você ficou na imensidão
de uma paixão não vivida
Numa frase perdida
No poema esquecido
No ardil da minha invenção
Você ficou amorenando a página
Rasgada em pedaços sofridos
Deixando os seus olhos na minha visão
Na rima frágil, me roubando o chão
E no frenesi do desejo
Queimando o colchão
Ficou em silêncios perdidos
Numa doce aflição
De querer, sem querer tuas mãos
Pela minha cintura, pela nuca
A doce covardia a dizer-me louca
Na minha ousadia de fazer-me pouca
E dizer que queria beijar sua boca
E sofrer quando disseste-me não
Você ficou assim encontrado
Em meus mapas, sinalizando
A viagem que eu não fiz
Nem por isso sou menos feliz
Nem por isso sinto menos paixão.
Cristhina Rangel.

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