sábado, 16 de julho de 2016

Eu não queria ser poeta.

Eu não queria ser poeta.
Eu não queria ter nascido poeta
Não queria amar como amo
a flor e a aurora
Nem a meia velha
que me conta história
Não queria ver no homem seiva
da vida, e sangue de guerra
Nem essa incansável batalha
que sempre se perde - ao tempo
Eu não queria ver no ventre
A sina de sofrer mais do que deve
Nem do pulso o exemplo débil
Eu não queria ser poeta
e morrer sempre que morre a vida
a capengar pelas avenidas
com a alma carcomida e degenerada
Eu não queria ser nada
além dessa palavra que se diz vida
e que se diz morte e que se desdiz
o quanto quer,o quanto anseia reinventa-se
Eu não queria ser poeta
Nem amar desse jeito que não cabe
aqui dentro e tolamente esvai-se
pelos meus dedos trêmulos
Cristhina Rangel.

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