sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Filha da puta


Filha da Puta 

Até pensei em compor uma poesia 
mas é tanta porcaria 
porquê minha minha clama 

Puta vaidade... 
Chego a admirar o meretricio 
Elas sim sabem arrebatar 
os homens 

Minha poesia não!
minha poesia é cotidiana
usa avental com frutas

Pendura roupas no varal
e o seios da minha poesia
amamentam!
os delas inflamam

E eu que sei a composição aço
e do tambor quando
deliberadamente decide
morte ou vida

Ainda me embaraça a vista
a rima infiel e indigna que me foge
e ai me desculpem...

Minha poesia é muito filha da puta!

cristhina rangel ( incidental)

Prioridade Poesia


Prioridade Poesia 

Hoje eu não vou priorizar o amor 
Embora eu ame. 
Nem falar da sensação patética 
das muitas partidas
Nem da parte peculiar das minhas chegadas, 
sempre tão atrevidas

Hoje talvez porque o dia está nublado 
Não voltarei ao passado,
o passado já era
E eu não sou a mesma..

Tenho um glock e um alvo,
meus armários são escancarados
É lá que eu guardo minha razão
E não me importo se ela for errada

Há quem diga que sou tola,
que uso uma couraça,
tento parecer forte,
mas que sorte minha razão
tem um grande estoque
e eu ser atriz...

Acho maravilhoso ser atentamente analisada
E depois eu dou risada ( eu rio muito)
Sou condenada, assemelhada a um ser frágil
Talvez santa, talvez anjo....mas que nada

Eu sou muito vagabunda!

Já faz tempo que eu ligo, eu minto muito
Minha poesia é desarmada de censura
Posso ser musa e ser puta!
Portanto, priorizo minha poesia

E não o teu olhar particular!

Cristhina Rangel.

Esconderijos


Preciso me trancar em mim
Abrir algumas janelas interiores
vasculhar nos cantos
dores antigas e ouvir cantiga
que mamãe cantava
com sua voz macia

Preciso jogar fora a chave
dessa porta que me leva
ao meus medos...
meu segredo corrompido
meu repúdio ao todo
que jamais foi dito

Essas coisas incompletas
desconexas a que machucam...  

Dualidade Humana



Dualidade humana

Penso na dualidade humana, como podem feras e anjo caminharem em nossos poros, em nossas veias, em nossa epiderme, tão constantemente? 
Tenho visto dentro mim as feras engolindo os anjos, ora são os anjos que acalmam e acariciam minhas feras, que por um momento adormecem, mas logo rugem novamente, meus anjos se assustam e agarram-se às suas harpas, entoam uma canção de resistência. Eu apenas tento conviver sem confrontar nem um, nem outro. 

Cristhina Rangel.

Desde quando


Desde quando.


Amo-te, já nem desde quando sei
Se dos tempos das tranças
Se dos tempos dos medos
Se dos tempos de desejo

Amo-te como invernada
Calada, silenciosa
Ansiosa por raios que me
amanheçam
Por arco iris que rasguem
os céus, após a chuva temporã

Amo-te como filha e como irmã
à distância e na longevidade dos
meus dias...te amarei como anciã

Amo-te, já nem desde quando sei
O que era, o que fui ou o que serei.

Desarmamento

Os que
não
trazem
munição,
imunes
são
ao crime!

Cristhina Rangel.

Delicada


Delicada

Sim, sou delicada
Tenho o toque sensível
choro à toa,
firo-me,
Magoo-me


visto-me em estampas florais
Rego as flores em meus quintais
Me perfumo de jasmim...

Sim, sou delicada sim...


Mas na luta eu sou fera
corpo a corpo eu sou febre
uso batom em tom carmim

Delicadamente eu sou fêmea
Sobre lençóis de cetim


Cristhina Rangel.

Da minha alma livre


Sei que há em mim uma fúria contida
tenho medo que ela se liberte
em uma noite escura
e faça cinzas tudo em meu caminho

eu tenho medo que me surjam garras
que me cresçam asas e eu seja quimera

Meu corpo transformado
em fúria incontida...

sem letras, sem verbos

Apenas a lacerante angustia liberta
Os abortados poemas renascidos
de fome, morte e gritos

eu tenho medo da enfurecida
criatura que há em mim
de que ela por um minuto
se apodere dos meus sonhos apodrecidos

Apocalípticos, mesquinhos
e que eu devore numa mordida o meu amor
que eu roube outros amores
em minhas asas...

Cinzas


   Eu preciso do silêncio dessa noite
Para chorar a morte dos meus amores
Os que não vivi, os que guardei comigo
Nesta noite tempestuosa
onde todos se escondem
quero que raios me atinjam
que me tinja de sangue a pele
Minhas feridas abertas

Só eu conheço a exatidão minha dor
as paixões que me consomem
e os sonhos que me destroem
A face manipulada da minha aparência
Frágil.

De uma fênix ensandecida
Que me nega a morte
e me refaz das cinzas
E não se deixa matar.


Cristhina Rangel.  

Áries


Aries

Donde vem essas farpas de lembrança lacerantes
que perfuram minha alma?
ela sangra...
meu sonho infantil em mortandade
em declino o meu sentimento arde

Não encontro lenitivos, nem remendos
aos meus abissais tormentos
com o passado.

Arrasto meu corpo velho
minha tez cansada, meus versos
em verve falha...

minha lucidez é incoerente
meu palato agudamente amargo
Fumo, trago... afasto
minhas intempéries
com o signo de aries


Cristhina Rangel.

Muda


  Te dou mil poesias em silêncio
Minha boca muda,
quando digo o teu nome!
(Aqui sussurro!)

Àquele


Àquele.


Quando da sua morte
Cremarei em eterna chama
O amor que me coroastes
Já que fostes precioso
E secreto adorno d'alma...

Serenamente sentirei a fúria
E a inquietação que lhe tomava
Em seus dias introspectivos
E te ouvirei silente
qual um doce espectro
A procurar-te em vida e morte...
Sem romper em gritos

Meu senhor ,e minha sorte
Este olhar que me lanças
Em cofre de puro chumbo
guardarei comigo

E a mim, me dás o tino
Reconecta-me ao divino
Em teus ritos onde tal e qual menino
de mim ri-se e que vê-me

Senhora derradeira, alma esperada
Em seus delírios a guardar-me
No brado das suas dores,
no despontar da sua entrega
Serei tua namorada e consorte

Esta e aquela a quem buscaste
A vida inteira
E em sua pretensão, fê-la rainha
e verdadeira

Cristhina Rangel.






Apague a luz



Apague a luz

Não tente apagar minhas cicatrizes
deixe a minha histórica no criado mudo
não tente secar meus olhos
deixe a minha mascara no cabide

Não tente me amar, ou dizer coisas bonitas
Deixe tudo no porta de entrar.
Neste comodo pequeno
não caberá

Vamos deixar do lado de fora
nossos amores desfeitos
nossos projetos mal sucedidos
os nossos atos falhos
nossas verdades inocentes escondidas

Não tentarei calar teu grito
não te pedirei tatuagens com meu nome
não quero moldar, nem esculpir
teu coração endurecido

Aqui e agora é o que temos
a pele quente, nossos corpos calejados
esse desejo vivo enquanto exista
tempo para nos arrepender
e talvez jamais terminem essas horas

os nossos olhos tem a mesma cor
e nossa boca o mesmo paladar
os nossos pés os mesmo caminho
(e você é tão lindo)
E só o que eu preciso
É ficar com você a meia-luz

Cristhina Rangel.

Amigo



Amigo

Amigo é o sujeito
que não tem medo
de tecer elogios
Que olha e vê os erros
e mesmo assim
nos dá carinho

Porque maior bem
que a aceitação
e ter no amigo
um próprio irmão

Sem distinção
de credo ou raça
considera o teor

Amigo é o sujeito
Oculto no amor. 

Cale-se e ouça-se


Cale-se e ouça-se!

Você que vê minha fraqueza
e se equivoca em sua certeza

que ri do meu pranto
e chora a própria sorte

Você que usa da agudeza das palavras rudes
Suponho que elas sejam armas..

Cale-se e ouça-se...

São disparos que matam sua alma pobre!  

Além de mim


Além de mim...




Não sou eu...
Não é meu corpo
que caminha nestas linhas

É minha alma que faz varanda
Faz jardim, faz rio..
E descansa, colhe flores..lava-se

Não são meus olhos que veem paisagens
É minha alma que brinca de saudade

Salta amarelinha, pula corda
e corta os desprezíveis parágrafos

Não! Não sou eu que me debruço à mesa
E corto os pulsos na insensatez
de não compreender o mundo

É a minha poesia que transgride a regra dada
e perde a compostura, e perde a linha...
esquece as margens.


Cristhina Rangel.

Acalme-se


Acalme-se

Logo vem a noite, a brisa ,o sono
No sono nosso sorriso, em sonhos
e na manhã talvez te encontre

talvez te sonhe acordada
E mesmo pouco ou quase nada
completas minhas medidas

E eu te cantarei em versos
para que cesse sua dor
para que cesse a minha
E deixarei as cortinas fechadas
para que dure mais a madrugada

Quando enfim, envolto dos seus braços
Meu corpo frágil, não tema o fim
E seja um estreito laço
O amor que deixará em mim

E cada arranha-céu e a garoa fina
Comporão as rimas
quando a saudade vier me partir …







A segunda Pessoa do Verbo


Segunda Pessoa do Verbo.. 

Eu rascunho o nosso adeus como quem retrocede no tempo
..revejo as pegadas, os risos, as lágrimas. 
Sofro uma tristeza feliz, de querer quem tanto a vida toda quis 
Castanhos! Seus olhos são castanhos como os meus...
como o café na xícara, como o chocolate, 
coisas que gosto de sentir na boca.
..reconheço de longe esses perfumes 
Então eu rasgo o adeus escrito com mãos tremidas,
penso no meu batom, no tom da sua pele.
.outra vez igual a minha, assim arrepiada,
sentida no toque dos meus dedos pequenos...
e vivo uma felicidade triste....

Cristhina Rangel 

A nossa cama


O cheiro da nossa cama
impregnado de nós dois
acendendo os meus vulcões
devolvendo sensações

O nosso cheiro é como slides
me trazendo cenas
causando o desassossego
quando vens como um morcego

sugar-me o pescoço
e eu afoita roço os seios
em teu corpo
E é brasa acesa,
a delícia desses beijos
E é mar nosso suor

Melhor que eterna fosse a noite
mas o sol é como foice
vem fenecer o nosso cio
deixando o teu lado vazio

E nos lençóis como anzóis
me fisgam as lembranças...
o nosso cheiro, em nossa cama
provocando arrepios...

Cristhina Rangel.

Vá você!



Quem vai morrer comigo?
Quem vai sentir a mesma dor
o mesmo espinho?
Quem vai lançar as cinzas?
Quem vai tecer a minha prece?

Quem vai ler a poesia em minha mente?

Quem vai morrer comigo?
Ou me vestir o último jeans?
Quem vai dizer se eu sou feliz?

Quem vai honrar meus compromissos?
Ou entender o meu sumiço?
Quem é que vai enquanto eu fico,
Enquanto me julgam infeliz?

Quem vai tirar aquela cifra
da canção que eu fiz ?

Quem é que vai enquanto eu fico...
tentando rir de tudo isso?




Dolorido Amor


Dolorido amor

se me fere, este amor
é porque tenho sorte
que assim, o seja
Um amar sincero
que me abafa a canção
e apaga estrelas

sem esse amor,
que em minha pele, arde
eu não seria mais
que um corpo vago

nem mulher seria
nem sagrada, nem o profano
apenas sanha
como tantas outras

Se este amor me dói
É porque tenho sorte
Deste amor, amor sincero
tecer-me um céu
de outras mil palavras.



Cristhina Rangel.

Língua


Língua
A língua que minha língua fala
Tu não compreendes e censuras
Quando minha língua fala
que tem sede da tua nuca
E lutas, fingindo que não entende
Esses meus versos devassos
_Que são loucuras, dizes!

Sentindo o bem que ao seu corpo fazem
Essa minha língua
Minha repreensível conduta...

E se não fala a minha língua
ao teu ouvido
A mim culpas!
Sem saber o quanto me excitas
Quando hesitante me negas
Sentir o calor do seu peito
E o desejo que acendes
Quando minha língua calas.

Mulher- Pássaro


Mulher- pássaro


Canto porque assim me impele a natureza
Mãe, mulher e companheira - canto !

Canto na tristeza das ausências
e então é canto de esperança
Canto na alegria das chegadas
e me desgarra o amargo

Canto por que tenho a alma passarinho
Que do pouco me alimento
Que do muito cantar me farto

Por fazer desse meu braço-ninho
Pedaço são a que me laço
Para não podar-me as asas as dores
Quando passo por ventanias
De invernos tão bravios.

Cristhina Rangel.  

Poema Imundo





Meus poemas são uma grande lixeira
onde eu jogo toda a minha podridão.
Já tentei jogar fora alguns outros sentimentos torpes
reciclá-los talvez,mas foi tentativa em vão!

Insisto em mandar a sujeira
Para debaixo do tapetes que eu teci
com a minha amargura, não há cura!
Sempre volto a encontrá-la
Essa imundice que não sai, em mim está!

Meus poemas são um grande aterro
Onde deposito, todo tipo de sentimento
os mais pobres, os mais falsos, os mais tolos
E eles vão se amontoando

E formando montanhas que eu não consigo ultrapassar!
Nem reler, nem rasgar!

Cristhina Rangel

Últimos Versos



Sou romântica. Ainda escrevo utilizando canetas e cadernos, ainda capricho na caligrafia quando faço versos de amor e quando me veem furiosos, marcando as páginas seguintes, revelam-me nestas marcas.

Estes são os últimos versos que escrevo neste caderno, e releio um à um, escritos anteriormente, em alguns não reconheço o dialeto intimo criado por sentimentos mordazes.

Penso em quantas palavras foram já foram escritas e as rimas que não deram certo, destoaram na prosa e agora relidas, vejo que tudo deu certo! Penso também nas malditas palavras que não chegaram e deixam meus versos incompletos, incapazes de reproduzir os meus pensamentos, deixando assim minhas emoções ocultas. Mas que culpa tenho eu? - Me pergunto e reconheço que as palavras usam-se de mim, como eu uso-me delas para existir.

Essas palavras cúmplices da minha existência, ficam presas a mim e eu a elas, como se fossem um cabo de salvação, muitas vezes, a minha própria razão e concluo que os medíocres escrevem sobre o
que desconhecem e eu escrevo de mim, para melhor conhecer a minha mediocridade.

Fecharei o caderno, assim como se mais um ciclo se fechasse, um sepulcro, que leva parte de mim, talvez ínfima partícula de tudo o que eu sou, dos amores amados, perdidos, desprezados e outras razões pelas quais escrevi sem a pretensão de ser nada, além do que sou quando me transformo, enquanto escrevo essas palavras...
Talvez o último e menor de todos os poetas.

Cristhina Rangel.

Sussuros



Eu suspiro profundamente em tua saudade.
Maldade da vida, ter-me arrancado de mim os teus mistérios,
e os teus risos.
E as palavras doces que dizias para comover-me
e fazer-me ser, quem jamais fui em outros braços.

Cada suspiro é uma lembrança que eu imploro que se vá.
Eu imploro que parta e não me parta desse jeito traiçoeiro,
que quando menos espero, estás aqui a me espreitar.

Silencio nos versos essa saudade dos projetos que fizemos
e ficaram por se concretizar.
Melhor assim! Pois não tivemos nem lamentos, nem decepções:
Apenas sonhos! Sonhos bons!

E estes mesmos sonhos, sonhamos acordados ou adormecidos e
ninguém pode decifrar, somente nós!
Então sonho acordada que estejas agora em tua cama,
sonhando com meus beijos, como eu também estou ao travesseiro
A sussurrar teu nome. 

Cristhina Rangel

Tinta


Tinta....

Tinjo os meus cabelos agora.
A tinta respinga e me dá uma pinta
Parecida com a que tenho
No meu seio direito...
Me sinto bela

A boca encarnada de vinho
Um tom que lhe esconde a secura
A palavra mais dura
produzida por ela, ainda é bela

A pinta de tinta e o batom, se esvão
Virá a doçura dos lábios sem máscara
guardada na língua
Virá o grisalho clareado de lua

Mas amor do passado, eu não quero!
Por que esse é só tinta que fica
em páginas amarelas

Cristhina Rangel.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Razão dos versos avessos



Razão dos versos avessos.

Eu queria um verso opulento
que soasse tal qual canção
em estradas de primavera

Mas a velha rima sofrida
me espezinha a alma
abre-me a ferida,
fecha-me cancelas

Minhas assombrosas elucubrações
apagam as constelações
de sonhos idos


Resta-me apenas Aldebarã
A estreitar-me à realidade
E o desejo que o sol.
Me seja menos frio.

Que meus versos sem sangrias
de paixões,
resistam absolutos à covardia
ao deitarem-se calados
nas margens da minha poesia,

Que nem rio, nem logradouro há de ser
é como lápide,ou haste, ao sustentar-me
só e fria.
Sem achar razão de ser.



Cristhina Rangel.





Necrópsia


http://www.youtube.com/watch?v=F1k9tsMjGsI


Necrópsia.

Eu entro no necrotério das minhas razões
E minhas convicções estão lá estendidas
Frias, inoperantes
O que era eu antes, não sei!

A cada passo tropeço
nas minhas certezas
Indefesas diante de mim
Fétidas e contidas
Num envólucro fechado, asséptico.

Agora, a mim parecem vulgares
Todas as minhas verdades!

Eu vômito minhas misérias
Diante da imagem corrompida
Criada na linha de um desesperado grito
Como tiro que acerta o meu peito.
O desfecho perfeito
de uma vida mentida.

A causa provável da morte:
Ter subsistido!
Cristhina Rangel

Poema de Abril

Poema de Abril.

Coisa fácil é fazer poema
A gente pega a dor
Ou outro sentimento que valha a pena
Se a pena for grande demais
A gente colhe as lágrimas
Deixa ali a alimentar as palavras

Se é saudade, será pura maldade
Deixar passar sem uma palavra gravar
Ea gente pega as palavras que não foram ditas

E dita para papel... se é a falta de um céu
Ou se é da tristeza o mar
A gente pinta com as cores de olhos tristes
E com cores de sorrisos felizes
Da cor de maçã do amor

É assim que se faz um poema
No ranger dos dentes na noite quente
Que a cama é pequena e a gente sente ausência.

Nas tardes frias de vento outonal
Que com indiferença leva embora a folha do jornal
E que não traz noticias de nosso bem .

E assim as palavras são ditas , ensinadas,
E lançadas na margem explicitamente
Geradas de um “Q” de alma que nem a gente entende

Que a gente esquece que tem.


Cristhina Rangel.

Às vezes quando te olho.



às vezes quando te olho
Imploro ao Senhor que a tua imagem apague
Não que não sejas belo!
Não que não sejas amável!
É que quando eu te vejo, dou-me conta
De que não és o que refletes
lembro-me da imagem que tinhas
dentro de mim.
Lembro-me do nosso amor
Sinto tão perto o fim.
As vezes quando eu te olho
Fico procurando aquele mesmo olhar
Fico procurando aquele mesmo sorriso
E tudo é impreciso!
Ás vezes quando eu te olho
Eu apenas fico.
Cristhina Rangel

Chibata

Chibata

Chibata que sangra a alma 
Mancha e marca na história
Covarde página 
Escrita pela escória
Desumanidade...
Marcada para não se se esquecer!

Descendente deste choro 
É o meu grito!
Igualdade entre os homens 
No viver e no morrer! 

Pele mestiça de crenças 
De infinitas dores escritas 
Com tintas de sangue 
Que grande nome esquecido..
Mestre Zumbi!

Dor trás das cicatrizes da pele 
Em imunda senzala 
Que guarda, que fere 
E que não se deixa esquecer...

Sofrer que atravessa o tempo 
A chibata corta o vento 
E ecoa e eu volto a sofrer
Pelos meus irmãos negros 

Pela mães que derramaram seu leite
No chão que foi cama
Castigo severo
Sem seu filho para beber

Deixando trancada a tristeza no peito 
Como escravos guerreiros
Hão de ser os filhos 
Do meu ventre mestiço! 

Cristhina Rangel. http://www.youtube.com/watch?v=skxvKlSOpfQ

Nudez Mordaz



Nudez mordaz.

Ah! eu queria sair nua pelas ruas
a gritar enlouquecida,
esse teu esquecimento
que me fere a alma.

Gritaria teu nome
te diria palavras infames
ofenderia a tua honra, homem!

Eu gritaria todas as dores
que me doem tanto
nessa minha ira
inconsolável pranto.

E diria desse amor quase morto
que fica no meu corpo
acusando a tua ausência

e morreria em praça pública
na vergonha da minha carne exposta
e no último grito o teu nome
expelido da minha boca
como canção mordaz
atormentada e louca!


Cristhina Rangel

Os teus lábios

Os teus lábios.


Deixa-me beijar-te pela última vez
Eu já sinto o vazio nos braços
E a falta do teu corpo
E a falta de ar!

deixa-me beijar-te
Sentir teus lábios aos meus colar.
deixa-me tão somente sentir-te no meu peito
Antes de se afastar


E quando estiveres bem distante
Assim como o céu do mar
Eu recorde dos teus lábios
Da maneira como eles me fazem
Tão desesperamente delirar!

deixa-me tocar tua face e teus cabelos
E guardar o toque desse adeus
Misturando para sempre
Os teus lábios aos meus!
Cristhina Rangel

Se eu passo pela vida


Se eu passo pela vida.

Se eu passo pela vida tem que ser assim:
Colhendo aqui um sorriso,
Plantando outros sorrisos alí.
Tem que ser assim, brincando num imaginário arco -irís
escorregando em todo canto, mas sempre voltando à mim.

Se eu passo pela vida tem que ser assim:
Guardando uma nota musical que me alegre
Uma voz que meu peito ensurdece
E buscando canções que jamais ouvi.

Se eu passo pela vida tenho que viver.
se breve , se longo o caminho!
o que mais importa é o amanhecer,

cada um pode ser orquestra afinada
cada um pode ser gargalhada,
Cada um pode ser serenada de enamorados

se eu passo pela vida não quero deixar
nenhuma marca de dor, além da dor que trás vida
geradas num ventre de amor..

Se passo pela vida quero deixar uma melodia: Só minha!
Meu ritmo, meu jeito, meu compasso!
Porque eu passo pela vida deixando
a vida que há em mim.

Até que meus passos sejam findados
E por onde passei,
Não tenha passado a vida
em vão por mim!
Cristhina Rangel

Aos Amores tardios



Aos Amores Tardios

 


Eu sei que vou te amar...
No meio da nódoa
No meio do vomito
No meio da rua
No meio da noite sem lua
No meio do mar sem onda
Na meia mágoa que me aflige
Na meia esperança de ser-te
metade inteira tua..
Na tua meia eterna presença
Na tua metade meiga
Na tua metade tensa
Na tarde meio escura
Ou meio clara ao meio dia
Na manhã meio deserta

Te amarei
Já que te achei na metade da vida
e tenho outra metade para amar-te inteiramente.

A solidão do meu quarto


A solidão do meu quarto


E que faço eu com essa dor?
Eu clamo ao Senhor: Tem compaixão!
Mas esse amor não cessa em dar-me ingratidão.
E eu luto pra que não chegue o dia que faça luto
Em meu coração,
 Por não mais haver razão de amar-te
Tanto e em vão!

E eu preciso da solidão do meu quarto
Pra esquecer do teu braço
Pra que esse tormento tenha vazão

E perco a razão nos meus sonhos
Ainda intactos e desesperados de aflição!
Porque a dor que me angustia
Ainda é perder-te um dia!

E então meus prantos e meus argumentos
São apenas lamentos, somente sonhos são!
E eu desatina, enfurecida!
Ainda me sinto cheia de tanta paixão!
Cristhina Rangel

Hamister Esquisofrênico


Raminster Esquizofrênico

Eu ando pelo pequeno apartamento de 96 m² quilometros e mais quilometros todos os dias.
Não sinto vontade de sair, posso ver tudo pela janela do décimo quarto andar. O movimento da rua me causa um certo pânico e definitivamente não quero encontrar as mesmas caras. Não entendo como é possível encontrar sempre as mesmas pessoas toda vez que se resolve sair de casa para ver algo novo. Daí tem sempre a mulher do apartamento do andar de cima, com aquela sua cadelinha yorkshire que mais parece um porta-jóia de tantos badulaques, sem falar das roupinhas com brilhos e frufrus. Queria muito saber se ela lê pensamentos.
 Sempre que encontro com essa mulher, sinto náuseas quando ela chama sua delicada Pat de filha. Penso nas crianças de rua e quase desisto de sair porque certamente eu encontrarei muitas delas.  Mas meu apartamento é pequeno, eu fiquei desempregada um tempão e não tenho a menor paciência com criança, caso contrário já teria pelo menos uma dúzia delas.
   Quando consigo sair, tenho a nitida impressão de que todos estão me observando, penso que deve estar ainda num estado leve de esquizôfrenia, mas relaxo e penso que todos estão pensando a mesma coisa, e  sinto que estou incomodando mais do que sendo incomodada com o meu olhar critico que lanço pra moça que passa do meu lado, com um palmo de barriga pra fora, um piercing gigante pendurado no umbigo ao frio de treze graus celsius, enquanto eu estou de gorro, cachecol e um sobretudo velho demais pra dizer que tem estilo e dois pares de meias. Agora me sinto um extraterrestre-esquizofrênico.
  Hoje eu consegui dar alguns passos a mais, mas a semana que vem eu juro que vou chegar até o parque, quem sabe eu me anime um pouco e encontre alguém que não tenha o olhar parecido com o do meu psiquiatra. Ele me indicou Zollof, mas eu perdi a vontade tomar banho, de comer, de fazer sexo, então desistí e comprei um livro de ioga do  mestre“de rose”,  fiquei curiosa entrei na internete e descobri que ele é investigado por crimes sexuais. Não consegui mais relaxar, ficava apenas pensando se aquilo seria verdade ou apenas alguma reportagem sensacionalista .Isso foi há alguns dias, foi quando eu percebi que eu estava virando um raminster, ficava girando em circulos dentro do apartamento, pedindo pizza e comida chinesa por telefone, indo a cada uma hora bebericar no gargalo uma dose de black label, depois me encolhia num canto do sofá, ligava a tevê e  cochilava, até acordar e de novo, circular pelo apartamento, olhando pelas janelas de cada um dos cômodos as ruas que me rodeiam. Hoje eu não consegui ir na acadêmia, continuei rodando em circulos, foi quando eu percebí que eu sou um ramister esquizôfrenico.

Cristhina Rangel

Amor que mata




Esse amor me mata.
Mata-me pouco a pouco lembrar-me da dores passadas
e das desilusões que vivi em teus braços.

mata-me cada um dos sonhos que deixei de ter sonhado.
e os sonhos que sonho, sem poder realizados.

Dói-me cada dia que te espero
E não querer-te é querer-te mais a cada dia.
como se fosses o ar que respiro e o astro que me guia,
 mas que não me tráz a claridade
Que desfaça a escuridão do meu coração tão magoado.

Dói-me viver este amor,
 mau dividido e tão mau compartilhado.
Dói-me olhar teus olhos claros,
 e neles não achar meus passos.

Esse amor é a loucura latente,
que disfarço em minhas rimas
como se eu fora uma menina e precisasse desses laços.
Mas  é minha sentença, amar-te assim desatinada

Por estas dores passadas
advindas dos dos meus desencantos
é que eu choro de mim tão profundo
e doloroso pranto
neste papel minhas lágrimas
Secam e deixam suas manchas.
Cristhina Rangel

Beija-me

Beija-me.

Beija-me, minha boca tem sede dos teus lábios
fome da tua pele.
Beija-me num beijo afoito,
que docemente se transforme
E se torne doce,
tão mansamente como o amanhecer.

Beija-me, como se fora este
o primeiro beijo da tua vida,
e reviva em minha boca a sensação
de uma espera louca de chegar,
por caminhos que só você pode passar.

Beija-me tão loucamente
que nos falte espaço,
que nos falte o ar.

Apenas beija-me
como se esse beijo fosse
o encontro esperado por toda a nossa vida,
como se vida fosse pequena
pra dizer este sabor,
derramado em nossos lábios.


Beija-me como eu te beijo,
com um desejo colossal,
com gosto do sal que vem na face,
matando essa saudade
com um beijo especial!

Beija-me Amor,
como se fosses colher de mim
seiva sem igual.
Como se fosses colibri, suga-me!
E neste beijo seremos
apenas um!
Cristhina Rangel