quarta-feira, 13 de maio de 2015

Retomada


Eu estava sentindo saudade das minhas mãos de faca
Cansada de usar disfarces que não me cabem
De versos róseos purpurinados, cheio de cor
Meus versos são metálicos, tem cheiro de suor


Eu me encontro em palavras que ferem
No pus e nas feridas eu me reconheço
E nelas, toda a beleza que preciso
E a minha identidade, idoneidade minha!


Essas máscaras de papel que se desfazem
Quando passam as lágrimas, não combinam
Com meu elmo de guerreira 

Há mulheres que trazem
Batons vermelho, eu me caibo no sangue que verto


Não ridicularizo a delicadeza
Mas não tenho tato, tenho traços de dureza
De verdades desdenhadas enlouqueço
Minhas rendas são para os meus amores.


 


Cristhina Rangel.

terça-feira, 12 de maio de 2015

Intimidador

Alinho na linha do tempo
Os meus e os seus sentirmentos
Me protejo, tenho medo
Das minhas verdades
Da minha lucidez

Talvez alguém
Um de vocês
Me dê um feed back
Positivo

Nisso que eu chamo tão íntimo
Intimidador constrangimento
Fingido de amor



Cristhina Rangel
 

Coletânea de Poesias Formatadas











Renascer


Rupturas






 Rupturas


Hoje rompi com as normas
Rompi com as nuvens
Deixei  chover insanidades
E essa maldade que me fez
Cair no seu olhar....

Rompi com a provável
causa dessa dor
E com as possíveis
desistências

Hoje eu rompi com a resistência
Com essa resiliência que quase
me matou

Estou corrompida
Em seu computador


Cristhina Rangel

segunda-feira, 11 de maio de 2015

Terápico

 

O escarro da palavra
Que passa sangrando
A garganta
O gole no gargalo
Que passa o grito
_ calando 
A dança sem par
O céu sem lua
Que ensinam o pés
A caminhar na neblina
O verbo insensato que
Mede
Consome
Assume!

O tempo que voa
Enjoo que nasce
Do cheiro de chuva no chão
O cigarro trazido , tragado
Engolido
Nada é findo, nada é nulo
Nem o prurido
Dos amores em carniça
Tudo é terápico
Um ensaio para a loucura

Cristhina Rangel

16.12. 2014

Extrema

Extrema
Sinto a extrema necessidade de decompor-me
separar meus pedaços podres
meus miúdos, meus miolos
Meus amores de sonhos adornados
As partes pequenas das fantasias
e a melodia que deixei na partitura amarrotada
e não compôs o meu desejo
nem a minha tardia rebeldia.
Sinto a extrema necessidade de decompor-me
Esmiuçar os meus segredos
Calçar meus velhos sapatos
Constatar minhas medidas
Eu sinto os meus extremos colidirem
Carne e alma digladiam-se
Anseiam sorrisos, esquecem faces
Se revezam em golpes férreos
me cortando aqui por dentro
E eu sou cortada ao vento,
ao mesmo tempo sou espada
meus pensamentos estão ensaguentados
minhas mãos dolosamente culpadas
Se decompõem em versos atormentados
Cristhina Rangel.


 

Íntimo






Tu és criatura magna

Que me derrete em teus beijos- magma

quebra a minha casca frágil

Aplaca os restos

de uma criatura frígida

Tu és a açoite dos beijos tortuosos

Que minha alma implora

Que em minha pele inflama

Que o meu corpo aspira

Inferno que em meu sangue queima

A tua voz potente... tua saliva é brisa

O silêncio do teu músculo forte

Traz num orgasmo a morte

Que meu querer suspira

És todo fúria e tempestade

Nos campos do meu corpo

Que em teus ardis, sereno, me domina

Quiça a minha louca sina

Tu és o afã das minhas divindades

sagradas e profanas

No amor completo em minha cama

No sexo que se completa em alma.

Cristhina Rangel.





 

 

 

 
 




 

 

 

 
 
 
 

sábado, 21 de fevereiro de 2015

Estranheza Comum

Todas as estranhezas que trago 
Aurem das minhas entranhas
Todos nós somos dotados de peculiaridades 
E ser sã seria maldade 


Minha loucura feminina 
Minhas altas dosagens de riso 
E minhas alucinações de alcova 
Sorte a minha não ser lúcida 


Persisto estranhamente lúdica 
Brinco com o diabo 
Aperto o botão vermelho 
Das minhas armas de extermínio em massa 


Mato a normalidade dos meus pensamentos 
Ser normal me assusta 
Eu não gosto de ser diferente 
Gosto de gente que surta... 

De gente estranha que me reconhece 
Na sua própria loucura 
E dança comigo ao som de chuva
E me arrasta pra cama 

E me deixa doente de medo e de raiva 
E de desejo me causa febre 
E me amputa a parte casta 


E nas minhas entranhas se abriga 
E conhece minhas feridas 
E gosta até do cheiro delas
E me dá ao invés de pronto, riso

Por não me conhecer completamente 
E ter-me  em cada olhar , subentendida 

Cristhina Rangel. 






A pipa na janela

  A pipa na janela


No tropeço do sonho
Abismo Profundo
O teu nome
Um rascunho

Fuligem que agarra
O visgo que fica
O pus da ferida
A minha boca aberta

Profano o ar
Com teu nome mundano
Calculo os danos
Que me fizeram chorar

Mas teu nome me escapa
Como linha que quebra
Deixando a pipa no ar

Perdendo a graça
Acabando a brincadeira

19.09.2014  Cristina

Cristhina Rangel,

À sombra dos poetas

À sombra dos poetas.
Sim, eu retive em minha alma as poesias lidas no silêncio do quarto, as paisagens e aquarelas. O pincel do poeta tocou-me profundamente desenhando lágrimas em meu olhar, e viagens à tempos longínquos e neles foi menina, foi garça, fui ondina, fadas e vesti um vestido cor de sonho, furta cor.
Sim, eu retive em minha alma as poesias mais belas e doces, as mais orvalhadas poesias eu guardei misturando-nas ao suor derramados em camas e lavouras férteis onde cada poeta semeou suas sementes, colheu seus frutos, inventou sabores misticos, alquimias intensas de prazer e medo...
Sim, eu retive em minha alma as poesias que me queimaram a pele do poeta causando-lhe delírios e dispersas ao vento, girou moinhos,
cataventos, criou corredeiras, sangrou a fé dos inocentes e a assou a carne do cordeiro...
Sim... eu as retive tanto em mim, que já não sei quem sou, se a palavra que digo é só resíduo de verso que ficou, remendo na memória, versos que não sei se serão cópias e temo a minha sorte, se essa poesia que trago em mim, nada mais seja que a sombra de poetas que me emprestaram suas asas...e que agora eu já não possa reencontrar-me.
Cristhina Rangel.