sábado, 21 de fevereiro de 2015

À sombra dos poetas

À sombra dos poetas.
Sim, eu retive em minha alma as poesias lidas no silêncio do quarto, as paisagens e aquarelas. O pincel do poeta tocou-me profundamente desenhando lágrimas em meu olhar, e viagens à tempos longínquos e neles foi menina, foi garça, fui ondina, fadas e vesti um vestido cor de sonho, furta cor.
Sim, eu retive em minha alma as poesias mais belas e doces, as mais orvalhadas poesias eu guardei misturando-nas ao suor derramados em camas e lavouras férteis onde cada poeta semeou suas sementes, colheu seus frutos, inventou sabores misticos, alquimias intensas de prazer e medo...
Sim, eu retive em minha alma as poesias que me queimaram a pele do poeta causando-lhe delírios e dispersas ao vento, girou moinhos,
cataventos, criou corredeiras, sangrou a fé dos inocentes e a assou a carne do cordeiro...
Sim... eu as retive tanto em mim, que já não sei quem sou, se a palavra que digo é só resíduo de verso que ficou, remendo na memória, versos que não sei se serão cópias e temo a minha sorte, se essa poesia que trago em mim, nada mais seja que a sombra de poetas que me emprestaram suas asas...e que agora eu já não possa reencontrar-me.
Cristhina Rangel.

Nenhum comentário:

Postar um comentário